segunda-feira, 26 de março de 2012

Vinil

Eu acredito que nós somos feitos do que os momentos fazem. Cada fragmento dos instantes. A partir das pausas e não da continuidade da rotina. É aquela fugidinha do normal. E basta ter amigos, não é preciso que sejam muitos, só que sejam de verdade. Depois disso você entende.
A tua sala grafitada e os seus discos todos encostados na vitrolinha, toda retrô. Todas as saídas que lotaram de histórias memoráveis. Cada parada em todo posto, cada risada e as conversas que a gente diz ser cabeça. A sua mesinha de centro improvisada e a caixinha em detalhe preto em branco sobre ela. O sofá que ainda não existe, e a gente sentado no chão, se sentindo em casa. Sem sapatos, tocando violão e trocando as velhas ideias. A guitarra em tom de creme, encostada no canto da parede junto ao skate, todo em madeira. E eu lembro que deixei um aviãozinho em seda, pra você lembrar da gente. E os seus óculos de Lennon, junto aos meu de Joplin. E eu lembro de ter deixado alguns fios de cabelo pra você lembrar da nossa amizade de vinil, nascida sei lá de onde.