E aí eu percebi que as mudanças não podem vir para agradar outra pessoa que não seja você. Não é egoísmo, não é cabeça dura, não é ser imutável, muito menos imune. Sabe, vai ter uma hora que ninguém se finca e permanece do mesmo jeito em você. Tudo muda, em tempos diferentes e situações próprias. E então não tem braço pra segurar, não tem corda que amarre, não tem prisão que prenda. Não é triste não, não é pra lamentar... É você e só, e não você sozinha. As decisões partem de você, as iniciativas, o certo e o errado começam a fazer sentido. Ligue os pontos, menininha, você começa a ter maturidade. Mas não totalmente amarela, e nem inteiramente verde, eu só quero que saiba que ainda tem muita coisa para se descobrir e muito barranco para deslanchar. A gente aprende assim, mesmo com a tal maturidade, não esqueça. Ainda tem muita água para cair dos olhos e muito medo a ser superado. Tem muita gente para cativar e muitas para riscar da lista. Ainda falta uma coleção de “eu te amo” para você receber e retribuir. Escute com atenção, menina, maturidade é, em parte, isso: deixar que as mudanças sigam o rumo natural, saber que elas andam no nosso mesmo passo e que nós não temos que correr para ir na frente. É aquela conversa dos bois na frente da carroça, e não pode, em meio a quase nenhuma regra que você estabelece, essa é importante anotar: naturalidade, espontaneidade. As pilhas de problemas... Deixa, larga, desenrola. Sei lá, joga um papinho, diz que liga depois. Você faz isso com pessoas, porque não com problemas? E, aliás, as tais pessoas não devem merecer isso. Cultive mais, moça, plante, jogue água, deixe o sol agir, você tem que colher, cuidar dos seus. Quanto aos seus, nem se engane: nada é seu além do que você mesma cria. Somos todos livres, não é mesmo assim a lei dos homens? Então, ninguém pode ser seu, e seu controle não pode atingir nenhum dos seus “alvos”. E os alvos mudam as opiniões, o ponto de vista desloca, e você não segura, e fica madura, e torna a esverdear, e deslancha barranco, e empilha problemas, e empilha pessoas, e coleciona, e deixa livre porque nada é seu.